Ven. Maria Teodora Voiron

Venerável desde fevereiro de 1989, conheça a vida desta religiosa nascida na França que imolou sua vida em terras brasileiras a partir da cidade de Itu!


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- Venerável Frei Salvador Pinzetta

Venerável Frei Salvador Pinzetta

(*27/junho/1911 - +31/maio/1972)

 

 Luigi Pinzetta e Teodora Romani, avós do nosso santo, chegaram da Itália no Brasil em 1878. Depois de morarem em outros locais, estabeleceram residência na Linha 16, em Casca (RS). Não perderam tempo e trataram logo de construir uma capela dedicada a Santo Antônio. O casal teve diversos filhos, dentre eles: Anareo, Fiorentino (pai do Frei Salvador), Marcelo, Antônio, Beatrice e Prosperina. Luigi faleceu no dia 28 de julho de 1923, com 76 anos.

Fiorentino, filho de Luigi e Teodora, nasceu em Bento Gonçalves (RS), no dia 02 de outubro de 1888. Já sua esposa Isabela, era natural de Guaporé (RS), filha de Quintino e Gentilla Romani. Casaram-se por volta de 1909. Em 20 de julho de 1910 nasceu a primeira filha, Levínea. Numa quinta-feira, em 27 de julho de 1911 (no registro 29), imerso em ambiente simples, alegre e religioso, nasceu Hermínio, o segundo filho do humilde casal de agricultores, que foi abençado com 13 rebentos no total. Os dois primeiros seguiram a vida religiosa: Levínea entrou na Congregação das Irmãs Carlistas Scalabrinianas e atendia pelo nome de Irmã Flora; Hermínio ingressou com 32 anos na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos da Província do Rio Grande do Sul, assumindo o nome de Frei Salvador de Casca.

O batismo de Hermínio ocorreu apenas no dia 21 de outubro de 1911, por conta da distância (13 Km da Igreja de Casca), o tempo frio e as condições precárias das estradas.

 

Não lhe faltou afeto da família, a companhia dos irmãos, parentes e amigos. Acompanhava e auxiliava com pequenos serviços os pais na roça, onde teve a oportunidade de viver em meio às plantações e ao zelo no trato com os animais. Através do incentivo e exemplo dos pais, do nono Luigi e demais familiares, compreendeu que existe um Deus bom a velar por nós. Rezava ao levantar e deitar; antes e depois das refeições, no começo dos trabalhos. O terço em família era sagrado. Desde pequeno, Hermínio revelou personalidade dócil aos ensinamentos dos pais e da Igreja.

A Gripe Espanhola alastrou-se pelo Estado, semeando pânico e mortes em 1918. A doença atingiu a família dos tios e padrinhos de Hermínio, Anareo e Cecília, que faleceram. O casal deixou cinco filhos, todos com menos de 11 anos. As crianças foram acolhidas e criadas pelos avós paternos, Luigi e Teodora. Hermínio e os irmãos Levínia, Rinaldo e Pedro, além dos pais, passaram a morar também com os avós Luigi e Teodora durante 13 meses, por medo da epidemia. Luigi contava então com 19 pessoas na família, entre crianças e adultos. As lições de catecismo e o ensinamento das orações ficou sob responsabilidade de Luigi. E, Teodora, era uma mãe para todos.

Freqüentar a escola sempre foi um desejo de Hermínio. Porém, apenas teve oportunidade de receber estudos rudimentares, onde o primário não foi concluído. Gostava de ler, sobretudo a História Sagrada e livros religiosos. Autodidata, Hermínio desenvolveu um conhecimento intuitivo, experimental e prático que lhe forneceu grande capacidade de discernimento e bom censo. O nono Luigi, domingos à tarde na capela, os preparou para a primeira Comunhão. O bom velhinho era estimado por todos, pois suas palavras eram confirmadas pelo testemunho de sua vida cheia de fé. Hermínio aplicou-se no catecismo. Rezou muito e esperou ansioso o dia de receber pela primeira vez a Comunhão. Possuía quase 12 anos e uma particular abertura de coração ao mistério da presença eucarística.

Daquele momento em diante, Hermínio continuou participando da Ceia do Senhor e do sacramento da Reconciliação, sempre firme e forte, sem jamais esmorecer. Rinaldo testemunha que ao aproximar-se da mesa da Comunhão seu irmão chegava a tremer. Imaginou que fosse de acanhamento, vergonha do padre. Mas, era por um sentimento de reverência de quem se sente indigno de receber em Comunhão aquele que é o Criador do universo. Mais tarde, Hermínio diria: “Deus é tudo, nós somos nada.”.

Com a morte de Luigi, o avô, aos 76 anos, Fiorentino, pai de Hermínio, assumiu a missão de catequista. Continuou a preparação para o sacramento do Crisma dos próprios filhos, Levínia, Hermínio e Rinaldo e de outros catequizandos. O arcebispo de Porto Alegre (RS), Dom João Becker administrou o Crisma no dia 14 de outubro de 1924, na Igreja São Luiz Gonzaga de Casca, a Hermínio, na época com 13 anos.

Hermínio foi assumindo aos poucos com os pais e irmãos o trabalho da roça, da criação e dos afazeres domésticos. Cavalgava pelas estradas a caminho do moinho ou às casas comerciais da região, em busca do necessário à família. Era prestativo, respeitoso e amigo, ao nutrir bom relacionamento com a família e comunidade. Era muito estimado e ouvido pelos irmãos. Hermínio era um jovem como os demais, bom companheiro e muito feliz, com sorriso permanente estampado no rosto e uma refinada sensibilidade no trato com as pessoas, principalmente com os doentes e necessitados de ajuda. Vivia mais ligado à penitência do que à diversão, mais voltado para a igreja do ao salão de festas. Cristão autêntico, Hermínio recorria com freqüência ao sacramento da Confissão. Sua vida foi muito discreta e pessoas atentas logo perceberam nele uma presença “diferente”, com sabor de plenitude.

Sem se queixar da fadiga ou do calor, Hermínio conheceu cedo o árduo trabalho diário do campo. Gostava de fazer o serviço bem feito e caprichado. Apreciava as plantações, a natureza e os animais. Não raras vezes, durante o trabalho, demorava-se em silenciosas orações ou em conversas produtivas e úteis, freqüentemente sobre assuntos religiosos. A oração era o forte de Hermínio, sua paixão, sua alegria e sua razão de ser. Amava a Eucaristia.

Era fidelíssimo devoto de Nossa Senhora, a quem amava com toda sinceridade filial. Recitava o terço. Gostava de cantar seus louvores. Nutria também uma devoção especial a São Luiz Gonzaga, padroeiro da paróquia e da juventude; a Santa Terezinha do Menino Jesus; a Santo Antônio, padroeiro da Capela do Trinta; as almas do purgatório; as grandes festas do ano e, mais tarde, a São Francisco de Assis.

Mesmo com pouco estudo e dificuldades, ele apreciava a leitura. Lia livros religiosos, a História Sagrada e outros devocionais. Além de biografias de santos e santas.  

Os indícios vocacionais de Hermínio surgiram quando esse tinha por volta de 20anos. Teve a ideia de ser padre, mas não a manifestou por entender que já passara da idade e, por isso, não seria aceito. O pároco Padre Alexandre Studzinski o encorajou a passar um tempo no Convento dos Capuchinhos, para ver se poderia ser frade. No início de 1944, se despediu dos familiares e partiu para o Convento São Boaventura de Marau, acompanhado do pai Fiorentino.

Foi-se entrosando com os frades, seu modo de viver, de rezar e trabalhar. Trabalhava na horta, parreiral, cantina, cozinha e portaria. Agradou-lhe a experiência e firmou o propósito de levá-la adiante. A breve permanência de Hermínio em Marau foi suficiente para despertar nos frades uma eloquente admiração. Lembram de sua figura discreta e recolhida, delicado no trato e prestativo no trabalho, alguém que rezava a todo instante e passava longas horas na capela com livro ou terço na mão.

No Convento de Flores da Cunha, após a experiência com os frades de Marau, participou do ano de Noviciado. Hermínio foi bem recebido pelos frades, porém com certa estranheza, devido à sua idade avançada, 32 anos. Ao falar misturava português e dialeto com conotações típicas, voz aguda e fala mansa. No aspecto físico era alto, magro, cabelos claros, nariz reto. A mãe esquerda era defeituosa. Olhar sereno e transparente e rosto discretamente risonho. Modo cortês e simples, típico do homem da roça. Tornou-se familiar na casa de maneira bastante rápida, aquela figura leve, recolhida e silenciosa, mas ativa, sempre comunicando bondade e piedade sincera e notável, despertando admiração e respeito em seus semelhantes.

Começou o trabalho espiritual e também o trabalho braçal na horta, na cozinha, disposto a mudar de vida. A horta era pesada, difícil, e também os outros trabalhos. Talvez, a mão atrofiada lhe dificultava a labuta. Esteve a ponto de desistir. No princípio, muitas dificuldades, que foram vencidas pela oração.

Hermínio preparou-se para o Noviciado com muita dedicação. Assumiu um propósito: “Tornar-se sempre mais santo.”. E esclarece: “Ser santo não é fazer milagres; é amar a Jesus de todo o coração e entregar-se a Ele sem reservas; é crer firmemente em seu amor e fazer unicamente e em tudo a vontade de Deus.”. Ele escreveu: “O trabalho que é minha enxada, por esta enxada e oração espero chegar ao céu.” Começado o Noviciado, passou a se chamar Frei Salvador de Casca. Durante o ano de Noviciado, aprofundaram a vivência capuchinha, bem como o conhecimento da Regra de São Francisco de Assis.

Na véspera de fazer os primeiros votos, o mestre Frei Fulgêncio quis certificar-se da sua decisão e perguntou por quais motivos quer fazer a Profissão religiosa. E Salvador respondeu:  ”Eu quero rezar e sacrificar-me para me entregar sem reservas a Deus, por sua glória e honra. Quero ser religioso para salvar muitas almas. E também para rezar e sacrificar-me pelos sacerdotes e missionária à imitação de Santa Terezinha do Menino Jesus... Quero rezar e sacrificar-me para que Nosso Senhor mande muitos irmãos capuchinhos, pois vejo que somos poucos em comparação com o número de padres e as necessidades que temos.”  Fez a Profissão Religiosa simples como Irmão Leigo na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos da Província do Rio Grande do Sul, no dia 06 de janeiro de 1946. Em seguida, foi a Garibaldi (RS) e lá residiu por dois anos. Em 29 de janeiro de 1948, retornou a Flores da Cunha, onde no dia 06 de janeiro de 1949 fez a Profissão solene e definitiva.

 Exerceu sua missão como frade capuchinho durante mais ou menos 27 anos em Flores da Cunha. Faleceu no dia 31 de maio as 18h00min, hora da Ave Maria e véspera da festa de Corpus Christi. Duas devoções que viveu intensamente: Nossa Senhora e a Eucaristia. Antes de sua morte, três sacerdotes administraram-lhe a Unção dos Enfermos. Foi sepultado no Cemitério Municipal, no jazigo dos Frades Capuchinhos. Seu enterro coincidiu com a procissão de Corpus Christi. Ele dizia: “Sou o que sou diante de Deus.”. Considerava-se um pecador, e o povo tem convicção de que é um “santo”. Todos o conheciam como o “Padre Santo”.

Durante mais ou menos 27 anos de sua missão em Flores da Cunha, o Frei Salvador exerceu diversas atividades: na cozinha, na portaria, na horta, no jardim, na roça, na apicultura, na coleta da uva das famílias, na cantina preparando o vinho. Trabalhava acompanhando os jovens candidatos à vida religiosa. Durante o trabalho, rezava o terço e outras orações com os companheiros ou fazia momentos de silêncio. Frei Salvador não vivia ocioso. Quando não estava no serviço, vivia na capela rezando, semelhante à sua postura quando ainda jovem. O povo recorda com saudade e carinho o atendimento que ele prestava na portaria, acolhia a todos com alegria e bom trato. Aos necessitados, antes da esmola dava-lhes conselhos e mensagens. Repartia com as famílias sementes, mudas de hortaliças, recomendando que as plantassem acompanhadas de oração e muita fé.

Frei Salvador foi, por longo tempo, auxiliar de mestre dos Postulantes e Noviços dos Irmãos Leigos. Visitava, por iniciativa própria, os enfermos nas residências e no hospital; o Mandato de Ministro Extraordinário da Eucaristia e dos Enfermos foi instituído no dia 22 de abril de 1970 e entregue no dia 26, juntamente com os símbolos do ministério. Sentia-se feliz de carregar Jesus pelas ruas e de levá-lo aos enfermos nas casas e no hospital. Recomendava as orações de todos para exercer de forma digna o serviço. Tornou-se muito querido do povo neste trabalho e foi nele que Frei Salvador deixou mais saudade.

Leia sua bela biografia completa no site www.freisalvador.org.br, dedicado a este nosso querido santo, com orações e últimas notícias de sua causa de canonização!

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